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Sustentabilidade Social e Ambiental: O Cooperativismo como Caminho para a Autonomia e Parceria com o Estado

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Por: Rosalvi Monteagudo


A sustentabilidade tornou-se uma questão central nas discussões sobre o desenvolvimento contemporâneo. O modelo econômico tradicional, centrado na maximização do lucro e no consumo excessivo de recursos naturais, tem se mostrado insustentável, gerando desigualdades sociais e degradação ambiental. Nesse cenário, o cooperativismo surge como alternativa capaz de conciliar crescimento econômico com justiça social e preservação ambiental.


Conforme a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB, 2020), as cooperativas são empreendimentos coletivos baseados em princípios de autogestão, solidariedade e participação democrática. Sua estrutura organizacional permite que o indivíduo atue de forma autônoma, ao mesmo tempo em que fortalece laços comunitários e estabelece uma relação colaborativa com o Estado.


Este artigo busca compreender como o cooperativismo moderno contribui para a sustentabilidade social e ambiental, discutindo sua função como agente de transformação econômica e social.


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Desenvolvimento


Sustentabilidade social e o papel das cooperativas


A sustentabilidade social está relacionada à capacidade de uma sociedade garantir condições dignas de vida, trabalho e participação a todos os seus membros. O cooperativismo, ao priorizar o ser humano em detrimento do capital, promove a inclusão social, o trabalho coletivo e a redistribuição de renda.


Segundo Singer (2002), as cooperativas representam uma forma de resistência ao modelo capitalista excludente, pois colocam o trabalhador como protagonista do processo produtivo. Elas geram emprego, reduzem desigualdades e estimulam a educação cooperativista, formando cidadãos críticos e conscientes de seu papel social.


Sustentabilidade ambiental e responsabilidade ecológica


Além do aspecto social, o cooperativismo também contribui significativamente para a sustentabilidade ambiental. Diversas cooperativas brasileiras atuam em setores como a reciclagem de resíduos sólidos, a agricultura familiar sustentável e o manejo responsável dos recursos naturais.


De acordo com Veiga (2010), o desenvolvimento sustentável requer um equilíbrio entre as dimensões econômica, social e ambiental, o que se alinha diretamente à filosofia cooperativista. A lógica coletiva das cooperativas favorece práticas produtivas de baixo impacto ambiental e incentiva o consumo consciente, fortalecendo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU.


Autonomia e parceria com o Estado


As cooperativas exercem um papel complementar ao do Estado, atuando como parceiras na execução de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento local e regional. Por sua natureza autônoma, o cooperativismo não depende exclusivamente da ação estatal, mas coopera com ela para a promoção do bem comum.


Como aponta Schneider (2013), o cooperativismo moderno amplia a capacidade de governança social, ao articular a participação da sociedade civil na gestão de recursos e na implementação de iniciativas sustentáveis. Essa relação colaborativa fortalece tanto o Estado quanto as comunidades, consolidando uma governança compartilhada e participativa.


O cooperativismo moderno revela-se um instrumento eficaz para a promoção da sustentabilidade social e ambiental. Por meio de seus princípios de solidariedade, autogestão e responsabilidade coletiva, ele possibilita a construção de uma economia mais humana e equilibrada.


Além de gerar trabalho e renda, o cooperativismo estimula a consciência ecológica, promove a educação cidadã e atua como parceiro estratégico do Estado na formulação e execução de políticas públicas sustentáveis. Assim, constitui-se não apenas como alternativa econômica, mas como um verdadeiro projeto de sociedade democrática, justa e sustentável.


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Referências


BRASIL. Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Cooperativismo brasileiro: dados e indicadores. Brasília: OCB, 2020.


SINGER, Paul. Introdução à economia solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.


SCHNEIDER, José Odelso. O cooperativismo e o desenvolvimento local: perspectivas para o século XXI. Porto Alegre: UFRGS, 2013.


VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2010.


Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.
Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.

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