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O Capital é Meio, Não Fim

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Por Rosalvi Monteagudo


No ambiente atual, o capital costuma ser elevado à condição de protagonista. A lógica predominante repete: acumular é avançar; enriquecer é vencer. No entanto, há uma outra compreensão — legítima, histórica e ética — que situa o capital como instrumento a serviço de valores coletivos, não como objetivo em si.


📌 1. Capital como ferramenta histórica


Desde a perspectiva austríaca clássica, como Menger e Böhm-Bawerk, o capital não é um fim, mas um bem que se mobiliza para criar riqueza — sempre vinculado a uma finalidade social ou produtiva . Geoffrey Hodgson e Eduard Braun reforçam essa visão ao resgatar o conceito de capital como "dinheiro investido para fins empresariais", e não simplesmente como recurso a ser acumulado Intercooperação Substitui a Guerra Econômica


Em nossa sociedade, competição é vista como inevitável. No entanto, um modelo que substitua a “guerra econômica” pela cooperação colaborativa não é apenas possível — é já praticado entre cooperativas do mundo todo.


📌 1. O princípio da intercooperação


É o sexto princípio do cooperativismo: cooperativas apoiando-se mutuamente, gerando escala, compartilhando recursos e fortalecendo seus membros . No Brasil, o Sebrae destaca:


> “...substituem a concorrência pela cooperação... otimização de recursos e melhores resultados” .


📌 2. Vantagens práticas


Economias de escala: compra coletiva, logística compartilhada;


Maior acesso a mercados: ao se unirem, cooperativas ganham acesso a novos canais e fortalezas regionais;


Impacto social ampliado: os ganhos revertem em preços mais justos e serviços voltados para a comunidade .


📌 3. Intercooperação como estratégia política e institucional


Redes cooperativas articuladas têm mais voz em políticas públicas, conseguem apoio institucional e fortalecem o cooperativismo como movimento . Iniciativas como federações, consórcios e panels intersetoriais mostram que é possível operar no mercado sem abrir mão da solidariedade — uma resposta concreta a um mundo fragmentado.


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✨ Conclusão O econômico a serviço da vida, não o contrário. Queremos capital como meio para fins humanos — educação, cuidado, comunidade — e queremos relações econômicas baseadas na cooperação, não na guerra.


Democracia da Cooperação é isso: uma proposta que reconstrói o sentido econômico, organizando o capital e as relações produtivas em torno do bem comum, do cuidado mútuo e da solidariedade estruturada — e o faz com base em teoria e práticas concretas.


Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.
Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.

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