Democracia da Cooperação: proposta socioeconômica para o século XXI
- Editora Expressão
- 16 de set.
- 3 min de leitura

Por: Rosalvi Monteagudo
A crise das democracias representativas e os limites do capitalismo globalizado têm gerado crescente debate sobre alternativas econômicas e sociais. Nesse contexto, o cooperativismo, historicamente concebido como forma de organização coletiva da produção e do consumo, apresenta-se como um caminho viável para equilibrar participação social, justiça econômica e sustentabilidade.
A proposta de Rosalvi Monteagudo, em Democracia da Cooperação: Proposta Socioeconômica para o Século XXI (2025), ressignifica o cooperativismo ao transformá-lo em fundamento de uma nova forma de democracia, ampliando o exercício democrático para além da esfera política e incorporando-o à vida econômica e social.
Revisão de Literatura
Cooperativismo e democracia
As raízes do cooperativismo remontam a Rochdale (1844), onde trabalhadores ingleses organizaram-se em torno de princípios como adesão livre, gestão democrática e deram origem a uma forma de democracia econômica que se distingue do modelo político liberal.
Paulo Freire e a educação para a cooperação
Paulo Freire (1996) destaca que a educação libertadora é essencial para que indivíduos participem ativamente da transformação social. Essa perspectiva dialoga com a democracia da cooperação, que exige formação contínua dos cooperados para que possam atuar como sujeitos plenos de direitos e responsabilidades.
Polanyi e os limites do mercado
Karl Polanyi (2000) analisa a “grande transformação” promovida pela mercantilização da sociedade e alerta para os riscos de subordinar todas as esferas da vida ao mercado. A democracia da cooperação se apresenta como resposta a esse processo, ao propor formas de gestão solidária e interdependente.
Singer e a economia solidária
Paul Singer (2002) reforça a economia solidária como espaço de resistência ao capitalismo excludente, ressaltando sua capacidade de gerar trabalho, renda e inclusão social. Nesse campo, a democracia da cooperação aparece como proposta avançada para consolidar um novo paradigma.
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Discussão
A Democracia da Cooperação representa uma síntese entre a prática histórica do cooperativismo e a necessidade de inovação institucional. Diferentemente da democracia representativa, que concentra poder em elites políticas, a democracia da cooperação:
1. Valoriza a participação direta dos cooperados na gestão;
2. Promove a intercooperação como forma de integração econômica e social;
3. Busca a sustentabilidade por meio do uso racional de recursos humanos, materiais e financeiros;
4. Oferece uma alternativa concreta ao corporativismo estatal, que tende a sufocar a inovação e a autonomia social.
Essa proposta também se insere no debate sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015), pois relaciona democracia, economia e sustentabilidade em um mesmo projeto civilizatório.
A Democracia da Cooperação constitui um marco teórico-prático que amplia os horizontes do cooperativismo e propõe um modelo socioeconômico alternativo, capaz de enfrentar os desafios do século XXI. Ao integrar participação democrática, justiça social e sustentabilidade, essa proposta se posiciona como caminho inovador para a construção de sociedades mais equitativas e solidárias.
A obra de Rosalvi Monteagudo (2025) não apenas contribui para o debate acadêmico, mas também inspira práticas transformadoras, apontando que o futuro da democracia depende de sua capacidade de incorporar a cooperação como princípio fundamental.
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Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
INTERNATIONAL CO-OPERATIVE ALLIANCE (ICA). Statement on the Cooperative Identity. Manchester: ICA, 1995.
MONTEAGUDO, Rosalvi. Democracia da Cooperação: proposta socioeconômica para o século XXI. Florianópolis SC Ed. Expressão, 2025. (No prelo)
POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
SINGER, Paul. Introdução à economia solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
UNITED NATIONS (ONU). Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development. New York: UN, 2015.











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