Ativo Ambiental: O Novo Patrimônio das Cooperativas Agro
- Editora Expressão
- 29 de out.
- 3 min de leitura

Por: Larissa Milkiewicz O modelo de negócio do cooperativismo, oficialmente iniciado com a Cooperativa dos Probos Pioneiros de Rochdale, na Inglaterra, no século XIX, se sustenta em sete princípios fundamentais que, até hoje, orientam mais de 3 milhões de cooperativas ao redor do mundo, conectando cerca de 1 bilhão de pessoas. Este modelo, intrinsecamente democrático e focado na comunidade, tem se mostrado um pilar essencial no setor agro brasileiro.[1]
As cooperativas Agro não apenas potencializam os produtores rurais cooperados, mas também asseguram a segurança alimentar nacional e internacional, dado seu protagonismo na produção de alimentos. Segundo a FAO[2], a demanda global por alimentos deve aumentar em 70% até 2050, e as cooperativas estão bem posicionadas para atender essa crescente necessidade.[3]
A essência do termo "cooperativa", derivada do latim "operari" (trabalhar) com o prefixo "co" (juntos), reflete a união de esforços para maximizar os fins econômicos dos cooperados em um modelo de negócio onde a sustentabilidade está intrinsecamente em seu DNA, como destacado pelo saudoso Roberto Rodrigues. [4]
A agenda ambiental das cooperativas agro pode ser exemplificada por práticas louváveis como a separação de resíduos, geração de energia renovável, uso racional da água, manejo adequado do solo e plantio diversificado. Essas ações não só são positivas para o meio ambiente, mas também estão alinhadas com a agenda internacional de sustentabilidade, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e agenda ESG (Environmental, Social and Governance).
Entretanto, o verdadeiro ativo ambiental valioso vai além dessas práticas operacionais. Ele é construído pela incorporação estratégica da agenda ambiental na governança da cooperativa, quando dirigentes que compreendem e priorizam a sustentabilidade ambiental conseguem estruturar uma governança ambiental robusta, capaz de alavancar negócios, reduzir riscos e tornar a cooperativa mais competitiva.
Essa governança ambiental se consolida plenamente quando está alicerçada em um dos princípios fundamentais do cooperativismo: a educação, formação e informação.[5] É por meio desse princípio que o conhecimento e a conscientização ambiental se transformam em práticas de gestão capazes de fortalecer o ativo ambiental da cooperativa.
A formação contínua dos dirigentes, técnicos e cooperados, somada à disseminação de informações qualificadas sobre sustentabilidade, constrói a base de uma governança participativa e informada. Esse processo educativo cria uma cultura organizacional em que a responsabilidade sobre o patrimônio ambiental da cooperativa passa a ser compartilhada por todos. Quando há compreensão sobre os impactos das decisões internas e externas, a cooperativa se fortalece não apenas pela eficiência dos seus processos, mas pela confiança institucional que sua conduta ambiental inspira, um valor intangível que se converte em reputação, credibilidade e acesso a novos mercados.
Capacitar e treinar são, portanto, atos de governar com visão de futuro.
Investir em conhecimento ambiental significa dar lastro à permanência do ativo ambiental como um bem estratégico e coletivo, um capital que se sustenta quando os cooperados, em todas as instâncias, compreendem que o cuidado com o meio ambiente é parte indissociável da perenidade dos negócios e da legitimidade institucional.
Assim, a governança ambiental assume papel de guardiã: ela zela pelo equilíbrio entre o uso dos recursos naturais e a responsabilidade socioeconômica, assegurando que as cooperativas atuem com integridade, transparência e respeito às normas que regem a produção sustentável.
Sem dúvidas, a governança ambiental bem estruturada dentro da cooperativa é capaz de alavancar os negócios, reduzir riscos e torná-la ainda mais competitiva no mercado nacional e internacional, dado o valioso ativo ambiental que o cooperativismo possui.











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