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A Intercooperação no Brasil e no Mundo: Um Princípio Estratégico para a Sustentabilidade Econômica no Cooperativismo


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Por: Rosalvi Monteagudo


A intercooperação é um dos pilares mais importantes do cooperativismo moderno, definido como o sétimo princípio pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI). Trata-se da colaboração entre cooperativas de diferentes ramos, regiões ou setores econômicos, com o objetivo de fortalecer a ação coletiva, ampliar a capacidade de inovação e garantir a sustentabilidade econômica do movimento cooperativista.


No Brasil, a intercooperação ainda enfrenta desafios estruturais, como a fragmentação institucional e a falta de políticas públicas integradoras. No entanto, há experiências inspiradoras. Cooperativas agroindustriais, por exemplo, compartilham logística, tecnologia e canais de distribuição, garantindo melhor comercialização da produção e acesso a mercados institucionais, como programas de alimentação escolar. No setor de crédito, cooperativas se unem em centrais e confederações para oferecer serviços financeiros competitivos e seguros, ampliando o impacto econômico e social de suas atividades.


No cenário internacional, a intercooperação é reconhecida como um instrumento estratégico para enfrentar crises econômicas, desigualdades e concentração de poder. O exemplo do complexo cooperativo de Mondragón, no País Basco, é paradigmático: mais de 80 cooperativas de diferentes setores – industrial, financeiro, educacional e de consumo – trabalham integradas, promovendo inovação tecnológica, governança democrática e responsabilidade social. Esse modelo mostra que a intercooperação permite conciliar crescimento econômico com desenvolvimento humano e solidariedade.


A intercooperação também fortalece a capacidade das cooperativas de inovar, reduzir custos, ampliar mercados e compartilhar conhecimento. É uma estratégia que vai além da ética e da solidariedade: é uma resposta prática à competitividade global e à necessidade de construção de economias locais mais resilientes e justas.


Para o cooperativismo brasileiro, avançar na intercooperação é essencial. É necessário criar políticas públicas de apoio, incentivar redes territoriais e setoriais e investir em educação e tecnologia cooperativa. Dessa forma, as cooperativas podem se integrar de maneira sustentável, ampliando seu impacto econômico e social, e construindo um modelo de desenvolvimento baseado na colaboração, na equidade e na solidariedade.


Como afirma a Aliança Cooperativa Internacional, “cooperar é o verbo do século XXI” – e intercooperar é a ação estratégica que garante que esse verbo seja eficaz no mundo contemporâneo.


Fonte: Livro (breve publicação): MONTEAGUDO, Rosalvi. Democracia da cooperação: uma proposta socioeconômica para o século XXI. Florianópolis: Editora Expressão, 2025.



Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.
Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.

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