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A Intercooperação como Caminho para a Integração Real no Cooperativismo


Por Rosalvi Monteagudo

A intercooperação é mais do que um princípio cooperativista: é a chave mestra para a consolidação de um sistema verdadeiramente integrado, autossustentável e capaz de enfrentar os desafios sociais e econômicos contemporâneos. Quando falamos em fortalecer o cooperativismo, não basta multiplicar o número de cooperativas. É preciso que essas unidades dialoguem, se apoiem mutuamente, compartilhem experiências, recursos e soluções. Ou seja, é necessário praticar, de forma consciente e estruturada, a intercooperação.


Historicamente, as cooperativas foram criadas para oferecer alternativas justas e solidárias à lógica do mercado competitivo. No entanto, muitas delas acabam se isolando, disputando espaço entre si ou reproduzindo práticas individualistas, o que enfraquece o movimento cooperativo como um todo. A intercooperação rompe com esse ciclo e propõe uma lógica de integração horizontal, em que as cooperativas, independentemente do setor — agrícola, crédito, consumo, trabalho, saúde ou educação — passam a colaborar entre si, formando redes solidárias de produção, distribuição, crédito e consumo.


Esse modelo de cooperação entre cooperativas possibilita ganhos de escala, redução de custos, acesso coletivo a tecnologias, qualificação conjunta de trabalhadores e cooperados, bem como a criação de fundos solidários e sustentáveis, que garantem maior segurança e resiliência em tempos de crise. Além disso, fomenta o sentimento de pertencimento a um movimento maior, que vai além da cooperativa local: o movimento da economia solidária global.


A intercooperação também é fundamental para a educação e formação cooperativa. Quando cooperativas trocam saberes e práticas entre si, elas fortalecem a consciência coletiva, atualizam seus métodos de gestão e consolidam um novo modelo de desenvolvimento que alia democracia econômica, justiça social e sustentabilidade.


Portanto, se o cooperativismo deseja ser, de fato, uma alternativa viável e transformadora à economia neoliberal, precisa avançar em sua integração interna. A intercooperação não é um ideal distante: é um instrumento prático e urgente para reorganizar o sistema cooperativo a partir da solidariedade ativa, reconstruindo laços comunitários e reorientando o desenvolvimento em direção ao bem comum.


A força do cooperativismo está em sua unidade. E essa unidade só se concretiza plenamente pela intercooperação.



Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.
Rosalvi Monteagudo é mestre em cooperativismo, formada pelo CEDOPE/UNISINOS (RS), e atua como pesquisadora, professora e articulista. É membro da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Economia Solidária.


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